Alunos do curso de Letras já fizeram manifestação antes Alunos da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), campus Jacobina, ocupam o pátio central e denunciam a situação em Carta Aberta. A carta segue na íntegra, com os erros e acertos de responsabilidade de quem a redigiu.
Nós, alunos da república estudantil da Uneb, campus – IV /Jacobina, comparecemos, perante à comunidade estudantil da Uneb e à sociedade jacobinense, através desta CARTA ABERTA, para externar nosso repúdio à administração do Campus IV, bem como ao poder estatal, referente a forma com que estamos sendo tratados.
É de conhecimento de todos que a República Estudantil deste Campus foi criada para atender aos alunos mais necessitados de outras cidades, que, enfrentando enormes barreiras sociais, através de um esforço homérico, conseguem obter êxito no processo seletivo para ingressar no ensino superior. O recurso para manutenção de tal residência é subsidiado pelo governo do Estado e administrado pelo Campus. No entanto, há muito, nós estudantes não estamos sendo tratados com o devido respeito e o mínimo de dignidade para que prossigamos em nossos estudos. Em bem apertada síntese, segue, abaixo, alguns exemplos dos desmandos sofridos por todos nós:
- A administração do Campus chegou a alocar 23 (vinte e três) pessoas em uma residência de, apenas, 4 (quatro) quartos, sendo necessária a improvisação de um ambiente insalubre como a garagem automotiva para a viabilização do repouso de todos os alunos, bem como a separação de pessoas por sexo;
- A referida residência dispõe de dois banheiros e, constantemente, ao menos um fica indisponível para uso, sendo necessário revezamento constante para o uso do remanescente;
- A casa está em condições precárias. A insalubridade é tamanha que a umidade toma conta de todos os ambientes, devido a uma infiltração permanente, nunca de fato sanada, o que facilita a proliferação de fungos, ácaros etc. e o aparecimento de doenças bronco-respiratórias;
- O contrato de aluguel vence em março de 2011 e estamos ameaçados de despejo, visto que a administração do Campus IV incumbiu a nós a responsabilidade de encontrarmos nova residência para a República, com escritura, que comporte a demanda e cujo aluguel não ultrapasse pouco mais de R$ 600,00 (seiscentos reais). Já fomos até notificados pela diretora do Campus, professora Ione Jatobá Leal, que, caso não encontremos uma residência que atenda a tais condições, ficaremos sem tão salutar incentivo para a sonhada conclusão do curso superior e, devido a isto, a maioria de nós retornará às suas casas com o sonho frustrado. Nós, se quer, dispomos de meios para os deslocamentos necessários, ao passo que a administração do Campus dispõe de veículos oficiais à disposição e da representatividade estatal para a barganha contratual perante o proprietário ou outra pessoa que tenha uma casa para alugar. Assim, fica explicitado o DESCASO com a educação pública e, mais ainda, com aqueles que dependem da ajuda estatal para adquirir uma sólida formação para mudar suas realidades tão sofridas.
- A alimentação, a duras penas, tem de ser totalmente custeada por nós, estudantes, que vimos de famílias carentes, muitas delas, a grande maioria, do sertão da Bahia, cuja manutenção encontra-se na agricultura de subsistência. Assim, até mesmo o pão nos sai deficitário, ao passo que o Campus dispõe de autonomia para contingenciar parte de seus recursos para a compra de cestas básicas para auxílio dos alunos necessitados; e,
- Para selar tamanho DESCASO COM OS ESTUDANTES CARENTES DA REPÚBLICA UNIVERSITÁRIA DO CAPUS IV, JACOBINA, A ADMINISTRAÇÃO DA UNEB PERMITIU QUE A COELBA SUSPENDESSE O FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA para a referida residência, deixando a todos nós sem energia devido ao NÃO PAGAMENTO das contas.
Como se pode ver, o descaso e a falta de respeito para com os estudantes carentes tomou proporções gigantescas. Devido a isto, ESTAMOS ACAMPADOS NO PÁTIO CENTRAL DO REFERIDO CAMPUS até que os descasos relatados acima, e outros que não foram citados, sejam sanados e, assim, sejamos contemplados com uma postura minimamente digna por parte dos dirigentes estatais incumbidos de resolvê-los.